CORNO AGORA ESTÁ NA MODA
Antigamente a coisa era completamente diferente. A mulher que fosse pegada em adultério era submetida à execração pública, humilhada e o que era pior: o marido era obrigado a anunciar o fato aos quatro cantos da cidade, o que era feito usando um berrante fabricado com chifre de boi. Daí é que vem esta história de “chifre”. Já pensaram se este costume perdurasse até os nossos dias ?
Hoje em dia esta desgraça está espalhada no mundo, de tal maneira que é impossível controlar. Cada um que peça à Deus para se livrar de tamanha praga. O que tem de “nego” com a cabeça enfeitada não está escrito no “gibi”. E a coisa não é só no Balsas não. É no mundo inteiro, é universal.
O negócio é o seguinte: pedir à Deus para nunca ser traído pela mulher. Se não for possível, que não chegue ao conhecimento do marido. Agora, se for descoberta a traição, que pelo menos não se zangue.
Dizem os “entendidos” que esta doença só dói no começo. Depois que sara, “Adeus Corina...”.
Só para ilustrar a conversa, vamos a alguns casos.
Conheci um que era vaqueiro de um primo meu, bem acolá. Esse cidadão certo dia amanheceu aporrinhado com a mulher e perguntou:
- Fulana, seja franca, diga a verdade, você já me traiu alguma vez ?
Ela, que também já estava de mau humor, respondeu:
- Já, tu tá querendo saber, pois já, e daí ?
O pobre coitado então retrucou:
- Pois pelo amor de Deus, não diga com quem foi, que eu não quero saber.
Ele não queria era saber o autor, o “Ricardão”, para não ser preciso tomar satisfações. Esse é o corno medroso.
O outro era um açougueiro que estava no seu trabalho, quando chega um menino e lhe comunica:
- Seu Zé, corra lá em sua casa que tem outro homem com a sua mulher!
O desgraçado larga tudo que estava fazendo e parte que nem uma fera, armado de facão e tudo. O pessoal ficou na expectativa do que poderia acontecer. No mínimo um crime horrível. Minutos depois volta o cidadão, com a cara “deste tamanho” e resmunga:
- Cabra sem vergonha, mentiroso, chega aqui com a conversa de que tem outro homem lá em casa, eu vou lá, que nada. Não era outro não, era o mesmo que vai lá todo o dia. Este é o corno “conformado”...
Encontrei-me com outro acolá, com a mão direita completamente queimada. Estava que era uma ferida só. Depois eu soube que ele havia dito pra todo mundo escutar:
- Eu meto a minha mão no fogo pela minha santa mulher. É o famoso corno “churrasco”.
Havia por ali um barbeiro que todos os dias. mais ou menos às duas horas da tarde recebia um cliente. Esse não demorava nada, nem cortava o cabelo nem fazia a barba. Só fazia contar quantos fregueses havia na sua frente e dizia:
- Dá tempo.
O fato vinha se repetindo muito até que o barbeiro, muito intrigado com aquele negócio, chamou um menino e disse:
- Pegue aqui dez cruzeiros, acompanhe aquele camarada acolá, referindo-se ao freguês, e me informe para onde ele vai todas às vezes que sai daqui.
- Precisa não, seu Zé, respondeu o menino, já sei tudinho. Todo dia ele sai daqui ele vai para a casa do senhor. Quando chega lá a sua mulher já está esperando. É o corno “inocente”.
Agora, essa é demais.
Existia um, na cidade de Balsas, que chegava ao cúmulo de receber o “negão” em sua própria casa. Ficava conversando animadamente na porta da rua até tarde da noite. - O trio: ele, o “negão” e a mulher. Lá para as tantas levantava, dava uma espreguiçada no corpo e dizia:
Sabe de uma coisa, eu vou é me deitar... Vocês parecem que não querem dormir, estão aí feito “tetéu”. Ia para a cama, digo melhor, para a rede e dormia o sono dos justos. Enquanto isso a desgraça estava se dando lá fora. É o tipo legítimo do “CM” - corno manso...
Bem, meus amigos, a conversa está boa mas vamos parar por aqui. Esse negócio de chifre não bota ninguém pra frente, salvo quando se trata de negociar com gado, comprar ou vender bois. Aí a coisa muda de figura... Tem tanta espécie de corno neste mundo que, se eu fosse enumerar todas, ficaria o dia inteirinho contando besteira.
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