quarta-feira, 29 de junho de 2011

MARIA PERGUNTA

         O seu verdadeiro nome era Maria Ricardo Sales, mas o povo entendeu de chamá-la “Maria Pergunta” e como tal viveu e ficou conhecida em Balsas.
         Freqüentava as casas de família onde prestava alguns serviços e tinha bom relacionamento. Um dos seus filhos era conhecido por “Sales” e vivia ali por debaixo daquelas mangueiras negociando com matutos, jogando baralho e enganando os coitados com o “jogo da pretinha”, no qual demonstrava grande habilidade. Era exímio também no “jogo do dedal”, no qual escondia uma bolinha, desafiando quem a encontrasse debaixo de um deles, mediante apostas em dinheiro. Ganhava sempre, valendo-se de um truque muito bem feito.
         Bem, mas o fato é que o Sales envolveu-se em uma confusão, cometeu um crime, pelo qual foi julgado e condenado a doze anos de reclusão. Estava na cadeia pública, cumprindo a pena.
         O lado cômico desta história era a maneira ingênua como a sua mãe contava o caso para os amigos que a visitavam:
         - Você está vendo doutor, a grande injustiça que fizeram com o meu fio Sales? Condenaram ele agora a doze anos de cadeia, só por causa de três facadinhas que ele deu num desgraçado. Duas das facadas nem entrou toda, foi só a ponta. Só na terceira é que a faca entrou até o cabo. Esse nosso Balsas não tem jeito não, doutor.
         E quando o interlocutor perguntava se o homem tinha escapado ela respondia com a maior simplicidade:
         - Não, o homem morreu na hora.
         Agora o Sales dizia para quem quisesse ouvir, que no segundo júri a que iria ser submetido, se fosse absolvido ia botar uma sapataria aqui mesmo, mas, se fosse condenado outra vez, ia mesmo era largar tudo e se mandar para Goiás e nunca mais apareceria em Balsas.
         Quer dizer, de qualquer maneira, preso mesmo é que ele não ficaria, em hipótese alguma.
         A cadeia de Balsas era assim mesmo, muito parecida com algumas de hoje por este Brasil afora...

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