quarta-feira, 29 de junho de 2011

O TROTE TELEFÔNICO

         Logo que foi inaugurado o serviço telefônico de Balsas aconteceu um episódio muito engraçado.
         Principalmente devido ao protagonista do caso, um dos homens mais conceituados da cidade, pertencente a tradicional e honrada família, não só em Balsas mas em todo o estado do Maranhão.
         Comerciante antigo, trabalhador, honesto, pai de família exemplar, enfim, possuidor de todos os requisitos para ser considerado um homem de bem, um cidadão de conduta ilibada.
         Estou falando do meu parente e amigo Constâncio Coelho. O episódio foi o seguinte.
         O Constâncio se dirigiu ao caixa do Banco da Amazônia, com a finalidade de receber uma determinada quantia. Até aí tudo bem, nada de mais. Recebeu o dinheiro, contou direitinho e se retirou.
         Acontece que o filho do gerente do Banco, rapaz chegado a brincadeiras, resolveu fazer uma das suas. Foi imediatamente ao telefone e pediu para falar com o Sr. Constâncio Coelho, informando que se tratava do caixa que havia pago a importância, tendo com ele o seguinte diálogo:
         -  Sr. Constâncio, quem está falando aqui o caixa do Banco que lhe fez o pagamento nesse instante. Acontece que eu paguei a mais Cr$ 2.000,00 (dois mil cruzeiros).
         Ora, isto era uma ofensa inaceitável. Era impossível se colocar em dúvida a sua honestidade e o desaforo mereceu pronta repulsa. Depois da natural troca de insultos, o rapaz saiu-se com esta:
         -  Bem, seu Constâncio, o dinheiro foi a mais, mas o senhor pode ficar com ele de esmola, eu fico com o prejuízo.
         Ofensa que merecia ser reprimida com todo o rigor, o que foi feito.
         -  Onde já se viu um cabrinha desses fazer tamanha acusação?, disse o Constâncio.
         O Constâncio pegou todo o dinheiro que tinha recebido e “se mandou” para o Banco para um entendimento com o caixa. Lá chegando foi passando por todo mundo na fila e com justa indignação jogou o pacote por cima do balcão e disse:
         -  Confira esse dinheiro, seu cabra. Veja se eu sou homem para enganar alguém !
         -  O que é isso, seu Constâncio, o que foi que houve?, respondeu o caixa.
         O rapaz estava inteiramente inocente. Não sabia de coisa alguma.
         Tudo esclarecido. Ficou constatado que se passava de um “trote”, uma brincadeira sem maiores conseqüências.
         Este fato teve grande repercussão na cidade e ainda hoje é relembrado por sua natureza engraçada. No interior tem de tudo...

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