O AVINHADO
Morávamos em São José dos Campos quando um dia chegou ao nosso conhecimento que em determinada localidade na redondeza havia muito “avinhado”, que não é outro senão o nosso “curió”, pássaro bastante apreciado pelo seu maravilhoso cantar.
Logo organizamos uma caravana, o meu amigo Eliseu Simonetti, o meu irmão Raimundo e eu, para uma boa caçada deste passarinho. Saímos pela madrugada num velho “jeep”, com todos os apetrechos, incluindo o indispensável “chama” - que é o pássaro que fica preso no alçapão, para atrair os que estão fora - a armadilha.
Depois de uma longa viagem, em uma péssima estrada, chegamos ao local da empreitada. De cara ia logo havendo um incidente. O meu irmão Raimundo, dirigindo-se a um garoto que estava no local, perguntou:
- Menino, tem muito avinhado por aqui ?
Ao que o menino respondeu secamente:
- Viado é o senhor...
O Raimundo, que tem o sangue no “pé da goela”, replica com violência:
- Eu estou falando é “avinhado”, seu filho duma égua...
O menino, completamente apavorado, bateu em retirada.
Ficamos por lá o dia inteiro, debaixo de um calor sufocante, com muita fome, e nada de avinhado. Pedi para que os dois continuassem que eu já estava exausto e desejava descansar um pouco numa moita de bambu existente no local.
Lá para as cinco horas da tarde avistei de longe o Eliseu, que levantando o alçapão e chamando minha atenção, dizia:
- Seu Alberto, olhe aqui... Ao que eu perguntei:
- Pegou algum ? A resposta veio decepcionante:
- O “chama” escapou, perdemos o nosso passarinho.
E assim foi, “nem mel nem cumbuca”.
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