Era um clube do subúrbio de Teresina, desses que abrigam pessoas mais humildes, empregadas domésticas, gente da chamada classe média baixa, comerciários, operários e assim por diante.
Pois era lá que eu me sentia bem. Quantas e quantas vezes deixei de lado festas no Clube dos Diários, para participar de grandes promoções nos “Terríveis”.
Foi justamente lá que aconteceu comigo um fato que nunca mais esqueci. Estava se realizando um grande baile, ao qual compareci em companhia de dois primos, Esmaragdo e Augusto. Como a “liseira” estava grande inventamos de misturar conhaque com guaraná, dizendo que ficava igual a uísque. E assim fizemos.
Uma dose, duas, três, e o fogo subindo pra cabeça. Cheguei a tomar nove “bicadas”, quando comecei a ver o mundo rodar. Recomendei aos companheiros para irem dançar pois eu tinha a necessidade de ir até ao quintal do clube, na esperança de vomitar um pouco e voltar para a “brincadeira”. Fui - e não voltei mais...
Percebendo a demora os dois amigos foram a minha procura. Encontraram-me dentro de um chiqueiro de porco, todo coberto de lama, na mais triste situação.
Lembro-me da luta deles e de outros amigos para conseguirem me tirar daquele vexame. Vi também quando o Esmaragdo disse em voz alta:
- Alberto, faz força pra ficar em pé que nós vamos tentar atravessar o salão!
Atravessei e não vi nada. Mais tarde, já na porta do clube, ouvi um deles dizer:
- É aquele preto ali, referindo-se ao automóvel que havíamos de pegar.
Daí para a frente só acordei ligeiramente quando chegamos à porta do Liceu Piauiense, onde me colocaram na calçada para uma “tentativa de melhora”.
Acordei no dia seguinte, às dezesseis horas, completamente anestesiado, lascado, humilhado, principalmente pela vergonha que passei.
Este fato aconteceu há 52 anos e a “ressaca” perdura até hoje.
Sim, por que até hoje tenho horror a conhaque com guaraná. Acho que o meu amigo Esmaragdo também não tolera tal mistura...
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