quarta-feira, 29 de junho de 2011

MELQUÍADES MOREIRA

         Velho mestre, político durante muitos anos. Que eu me recorde, sempre na oposição. Sua escola funcionava onde mora o Silvério Sampaio, na rua Benedito Leite. Por esquecimento de minha parte, do qual me penitencio agora, deixei de citá-lo no roteiro das escolas que freqüentei na infância. Foi um bom professor,  bastante rigoroso adotava ainda o método da palmatória, o qual, no meu entender não tinha nada de errado. Errada é a maneira como se faz agora, com os meninos fazendo “gato e sapato” da professora e não acontece nada. Tudo baseado no sistema moderno de ensino e a Educação cada vez mais “indo para o brejo”.
         Mas, vamos lá. Vou contar aqui um episódio que se deu comigo naquele tempo, que marcou muito a minha mente de criança.
         Todo sábado o professor Melquíades realizava a famosa sabatina, na qual interrogava os alunos, sendo que aquele que errasse levava um “bolo” do aluno que respondesse certo. Não era bolo de comer e sim era com a velha e temida palmatória que funcionava a valer.
         Numa dessas sabatinas, o professor perguntou o significado da palavra “cérebro”; ninguém acertou. Fiquei ansioso na ponta da fila. Torcia fortemente para que chegasse a minha vez, certo de que eu ia passar um “quinau” em todos e, conseqüentemente, a palmatória na negrada.
         -  Você aí?
         -  Não sei.
         -  Você?
         -  Não sei.
         Todos falhando e eu torcendo. Quando chegou a minha vez respondi bem alto para que todos ouvissem, tão certo estava da vitória:
         -  Cérebro é um bicho feroz!, disse eu.
         Gargalhada geral, principalmente do professor, que me gozou à vontade. Disse ele:
         -  Cérebro é isto aqui, apontando para a cabeça.
         A minha desgraça foi que eu havia escutado o Thucídides Barbosa, coletor estadual da cidade, entrar lá em casa e dizer:
         -  Marica, mataram a célebre onça, disse referindo-se a uma fera que estava dizimando o seu gado na Fazenda Ferro.
         Confundi célebre com cérebro e levei uma tremenda vaia dos colegas, como também um “bolo” do professor, que não perdoou a grande besteira.
         Jamais esqueci o fato, mas em compensação, hoje eu sei a diferença.
         “Fui apanhar lã e saí tosquiado”...

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