Morava na Rua do Frito, hoje Rua Onze de Julho, numa casa que já não existe mais. No seu local foi construída a residência do Luís Rocha, salvo engano, por ali assim.
Confesso que não conheço maiores detalhes do nosso amigo. Só sei que o conheci na minha infância e dele guardei algumas recordações. Era dado a certas supertições, como calçar os chinelos com os pés trocados, o direito no pé esquerdo e vice-versa. Para espantar os maus-olhados e coisas assim...
Tinha uma família bastante numerosa e vivia com alguma dificuldade, lutando, trabalhando para viver com dignidade. Dizem as más línguas de Balsas que ele inventou um código para ser aplicado só entre ele e os filhos, para que a vizinhança não tomasse conhecimento de nada.
Naquele tempo a cidade de Balsas era arborizada com imensas mangueiras, a Praça Getúlio Vargas era um verdadeiro mangueiral.
De madrugada ele acordava os filhos para apanhar mangas, mas, usava o velho código secreto:
- Levanta-se buserna, vai atrás da diorléia, intriputéias, cansanção estão frias, empelostradas”. Tudo isso para dizer aos meninos que fossem procurar um saco a fim de apanhar mangas do cansanção, que estão frias e boas.
Mas não tem jeito. O povo termina descobrindo tudo e espalhando. E ainda aparece alguém, um tanto tempo depois, para contar o caso.
São essas coisas que fazem o encanto das pequenas cidades do interior, esses acontecimentos pitorescos, esses pequenos fatos do dia-a-dia, sem maldade, sem má-fé.
Eu, particularmente, se pudesse, residiria numa delas.
Juro...
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