Seu nome era Sinfrônio Barros. Homem de boa índole, honesto, trabalhador, de boa família e de bons costumes, gozava de bom conceito na cidade.
Não sei por que motivo era alvo de gozação de muita gente. Talvez devido a sua cor: era bastante escuro, quase preto, mas não tinha propriamente as características do negro. Tinha dificuldade para falar, era bastante gago, e, - quem sabe - este era outro motivo para as brincadeiras.
Ele mesmo costumava dizer:
- Eu não sei mais o que faça aqui no Balsas. Se eu não falo com ninguém dizem que eu sou nego orgulhoso, nego pedante... Se faço amizade com o Coronel Fonseca e sua família, dizem que eu sou nego adulador .
Possuía um botequim permanente em sua residência e todos os anos colocava barracas nos festejos de Santo Antônio. Em ambos os locais vendia uma bebida chamada: “gengibirra”, de sua própria fabricação. Dizem que os antigos que era a melhor da cidade e ninguém sabia o seu segredo.
Só muito tempo depois é que se soube que ele fazia a infusão para o preparo da bebida em grandes potes de barro e, para mexer o conteúdo, os ingredientes, usava o braço - que metia no pote até a altura do sovaco. Quando tirava o braço, esse vinha molhado com a bebida, voltava tudo novamente para o pote, inclusive o suor. Aí estava o grande segredo. Isso era contado pelo povo, não se sabe se era verdade...
Bem, mas no dia do casamento do Sinfrônio é que se deu este fato.
Logo depois da cerimônia apareceu no seu botequim o Batista Pereira, muito amigo dele, disposto a fazer uma brincadeira. Passou toda a noite e bebericando. Quando foi pela manhã, bem cedo, o Sadoc Barbosa, outro brincalhão de marca maior, resolveu da mesma maneira passar todo o dia no botequim. E assim fizeram, combinados que estavam.
Até que, não suportando mais a chateação dos dois, Sinfrônio saiu-se com esta:
- Bem, seu Batista mais seu Sadoc: agora os senhores podem se retirar pois eu tenho que “melfrar”...
Até então não tinha feito qualquer contato com a jovem esposa. Durma-se com um barulho desses.
O nosso Balsas é mesmo “de morte”.
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