Era um pobre débil mental que vivia pelas ruas da cidade prestando serviços a um e a outro. Dessas criaturas que se tornam populares, angariam a amizade de todos, vivem de pequenos biscates e até mesmo de ajuda dos habitantes da terra.
De origem desconhecida, creio que ninguém sabe, nem procurou saber, de onde veio o “Neném Velho”. Ora, nesse mundo de tantas ambições, quem é que vai se interessar em saber quem foi, ou deixou de ser, um pobre como aquele?
Mas, o Neném Velho tem um episódio em sua vida que merece ficar registrado. É o seguinte:
O meu primo Deusdedith, filho de Luís Silva e Corina Pereira, rapaz sempre dado a brincadeiras, sempre alegre e bonachão, meteu na cabeça do coitado que na Fazenda Testa Branca, distante alguns quilômetros de Balsas, havia em determinado lugar uma botija de ouro enterrada e quem a encontrasse ficaria rico para o resto da vida. Disse mais, que o sinal de aproximação da presença do importante achado, seria anunciado pelo aparecimento de algumas moedas de duzentos réis (dois tostões, como se chamava).
Pois bem, levou o homem para o local, mandou que desse início às escavações, e no dia seguinte, bem cedinho, ainda com o escuro da madrugada, se mandou para lá a fim de colocar algumas moedas. Quando o neném Velho as achou, ficou muito animado:
- É agora, vou ficar rico, disse ele. E assim continuou por algum tempo. O desgraçado cavando como um condenado e o Deusdedith sustentando a brincadeira.
Todo dia era a mesma conversa:
- Continue cavando que o seu dia chegará!, dizia incentivando-o.
Dizem que foi aberta uma verdadeira cratera, um buraco enorme, feito à custa de muito esforço físico, debaixo daquele sol escaldante, tudo motivado pela ambição de ficar rico.
Foi uma dessas brincadeiras muito comuns em cidades do interior, que as pessoas fazem sem o menor espírito de maldade, mesmo por que o Deusdedith era um cidadão boníssimo.
E o nosso personagem morreu mesmo pobre, como sempre foi.
Pelo menos ganhou as moedinhas de duzentos réis.
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