quarta-feira, 29 de junho de 2011

O REMORSO

         “Exprobação ou sentimento de inquietação que o culpado recebe da própria consciência;
 arrependimento íntimo”. Esta é a definição que o dicionarista dá e está absolutamente certa.
         Sempre aconselhei os meus filhos e amigos para que tomem o máximo cuidado antes de qualquer decisão. Nada mais penoso que uma atitude violenta, impensada, que depois possa causar arrependimento, o remorso, que poderá acompanhá-lo até o final de seus dias.
         Aconteceu comigo. Era muito criança, não tinha ainda perfeita consciência do que fazia. Quantos anos eu tinha naquela época? Sete, oito anos, se muito. Vão-se lá sessenta e quatro anos e tudo continua na minha memória, gravado como se tivesse acontecido ontem. Quantas vezes tenho chorado por isso e quantas vezes vou chorar daqui para frente.
         Vou contar.
         Foi em Balsas. A nossa empregada tinha nos braços o meu irmãozinho Francisco, o qual sempre foi muito doente e faleceu em tenra idade. Cheguei perto dele, esquentei uma colherinha na chama de uma vela e toquei na sua mãozinha, que ele puxou rapidamente e chorou.
         Oh meu Deus, para que eu fiz isto? Que sentimento me impulsionou para eu fazer esta perversidade?
         Chorou ele e agora choro eu. E vou continuar chorando todas as vezes que eu me lembrar do fato. Sei que levarei até a morte este sentimento de culpa. O meu único consolo é que eu também era uma criança e não sabia o que estava fazendo.
          Coisas da vida, que se possível, devem ser evitadas.

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