quarta-feira, 29 de junho de 2011

VIVA O CORONEL ! “ECÔ”

         Esta é uma recordação de infância que eu julgo apavorante, tenebrosa. Ainda hoje sinto arrepios de medo quando me lembro. Muitas e muitas noites eu acordo ouvindo aqueles brados que tanto me assustaram quando eu era menino. Não sei explicar o que é isso. Só os psicólogos, os doutores, gente de muita sabedoria, podem dizer com precisão o que tudo significa.
         A verdade é que o “Ecô”, doente mental que existia naquela época, “assombrou muito menino” em Balsas no meu tempo.
         Ele costumava aparecer às altas horas da madrugada. Ora, imaginem uma cidade do interior, completamente adormecida, sem nenhuma pessoa na rua, ser acordada por aquele homem andando por toda parte com aqueles gritos horríveis.
         A gente se envolvia completamente nos lençóis e na rede inteiramente dominado pelo medo, quando vinha ele:
         -  Viva o Coronel Antônio Fonseca... Ecô!
         Lá de nossa casa se ouvia esse primeiro grito, depois:
         -  Viva o Coronel Antonino Pereira... Ecô!. E vinha se aproximando:
         -  Viva o Coronel Borba... Ecô!.
         E assim por diante, até que, bem de frente de nossa casa, já com a meninada toda apavorada, gritava:
         -  Viva o Coronel João Ribeiro... Ecô!
         Ele nunca fez mal a ninguém. Ao contrário, em cada casa deixava um ramo de flores para assinalar sua presença, a sua passagem.
         Era inofensivo, mas o que impressionava era a hora que ele costumava aparecer e o timbre de voz que tinha.
         Acontece é que não sei que fim levou o “Ecô”, o seu verdadeiro nome e sua origem também  não sei. Acho que não existe em Balsas uma só pessoa que saiba, mas, de nosso tempo, tenho a impressão de que toda criança se lembra dele.
         E também teve medo...

Nenhum comentário: