“Elevado conceito que alguém tem de si próprio; amor próprio exagerado; soberba; brio; altivez, ufania”. Isto é o que nos diz o dicionário que consultei. Para mim o mais odioso de todos os sentimentos humanos.
Não vejo nada nesse mundo que justifique o orgulho. Passei toda a minha vida temendo fazer alguma coisa que pudesse ser confundida com esse maldito sentimento. Tenho a impressão que contribuiu para isto uma história que minha Mãe me contou, quando eu era ainda criança. Foi o seguinte.
Existia numa determinada cidade do interior uma mulher muito rica, que vivia ostentando a sua riqueza, e com isso procurando humilhar os menos favorecidos. Bem defronte à sua residência morava outra criatura muito pobre, passando fome, enfrentando as piores necessidades.
Certo dia uma galinha da mulher rica passou para o quintal da outra, e à tardinha a poderosa mulher foi até lá, para recuperar a ave, ocasião em que viu a pobrezinha diante de uma panela torrando qualquer coisa.
- O que é isso, Dona Maria, torrando bagaço de côco para comer? Não posso imaginar como é que pobre vive, comendo essas coisas.
Não obteve reação alguma da outra, que continuou torrando.
Pois bem, os tempos foram passando, a mulher rica ficou viúva, negócios mal conduzidos, prejuízos daqui e dali, vende uma fazenda hoje, outra amanhã, a verdade é que ficou “reduzida a zero”, que significa absolutamente nada.
Tempos depois a pobrezinha entra na casa da ex-poderosa mulher e a encontra torrando bagaço de côco para comer, único alimento de que dispunha.
- Tá vendo, Dona Filomena, agora tá sabendo como é que pobre vive?
A resposta que obteve foram algumas lágrimas que caíram. Calada estava, calada ficou. Quem sabe o que se passou na sua mente...
Nunca mais esqueci dessa história. Coisas da vida.
Para aproveitar o assunto, permitam-me transcrever a seguir a poesia “Orgulhosa”, de Gonçalves Dias, que no meu entender é uma verdadeira jóia da literatura.
Esta poesia foi feita de improviso, e em represália a uma senhorita de alta linhagem linhagem na época, que se negou a dançar com o poeta, alegando que este era pobre.
Momentos depois a mesma senhorita foi convidada a ir ao piano, como era costume então naqueles saraus das altas rodas. O grande poeta foi convidado a dizer alguns versos, tendo o piano como fundo musical. Aí aproveitou para “esmagar” o orgulho, ao declamar a mencionada poesia. Dizem que a chocante cena terminou em prantos da senhorita orgulhosa. É uma dura lição que o mundo não deve jamais esquecer.
Tenho ou não tenho razão, quando condeno essa praga - o Orgulho?
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