quarta-feira, 29 de junho de 2011

MARIA VIEIRA

         Maria Vieira existiu mesmo. Era uma moça que vivia no interior do Maranhão, trabalhando em atividades domésticas. Levou uma vida normal, comum a todas as criaturas pobres que habitavam o sertão do nosso país.
         Num certo dia saiu para apanhar lenha e ao penetrar demais na floresta perdeu o rumo. Nunca mais voltou à sua morada. Morreu perdida na mata e seu corpo jamais foi encontrado. Até hoje perdura o mistério sobre o seu desaparecimento.
         Vem daí a crença de que a alma de Maria Vieira, quando invocada com verdadeira fé, é infalível para ajudar na solução de coisas perdidas. Basta rezar um Pai Nosso e uma Ave Maria e fazer o pedido. Nada mais do que isso. Eu mesmo, que até sou considerado na família como eterno contestador, tenho alguns casos de absoluta veracidade para contar aqui. Creiam que o meu propósito é apenas relatar os acontecimentos com a maior fidelidade, sem qualquer acréscimo, sem outro interesse que o de dizer a verdade.
         Morávamos em São José dos Campos numa casa que tinha o quintal muito grande, com ligação para a casa onde residia minha Mãe. Certa feita a Zisile perdeu a pérola de um anel. Todos os moradores vizinhos passaram o dia inteiro procurando a mesma, sem nenhum resultado. Reviraram tudo, vasculharam o terreno inteiro.
         Pois bem, depois das dezoito horas, já escuro, chegou a Mamãe com uma lanterna na mão, dizendo:
         -  Quem vai encontrar esta pérola é a alma de Maria Vieira.
         Não deu dez passos, focalizando a lanterna e gritou:
         -  Olhem a pérola aqui !
         Foi alegria geral e admiração por esse fato realmente extraordinário.
         Numa outra ocasião eu havia dado ao Getúlio um cheque, lembro-me muito bem, emitido contra o Banco do Brasil, para as suas despesas, quando ainda era estudante.
         Ele morava em um pequeno apartamento no fundo da casa onde residia minha Mãe e minha irmã Zenóbia, na avenida Manoel Castelo Branco, em Messejana. A verdade é que me comunicou ter perdido o referido cheque, procurou por toda parte, sem resultado, e eu já estava disposto a cancelar o mesmo, quando resolvi apelar para a alma de Maria Vieira.
         Na mesma noite ainda, sonhei que o cheque estava dentro de um livro de capa vermelha que se encontrava na gaveta de uma mesa de estudos do Getúlio.
         No dia seguinte, bem cedo, antes do amanhecer, “toquei” para lá, bati na porta e o rapaz acordou com má vontade, o que é coisa muito comum, muito natural, entre os jovens. Relatei o acontecimento, tendo me dito:
         -  Isso é besteira, aí nesse lugar eu já procurei várias vezes.
         -  Sim, pode ser besteira, mas eu quero fazer a busca tal como vi no sonho.
         Incrível... No terceiro livro que revistei estava o cheque, dentro da contracapa do mesmo.
         -  Olha aí, seu Getúlio, brinque com a alma de Maria Vieira”, disse eu. Era mais um caso, além de muitos outros.
         De outra feita o João Ribeiro estava no meio de uma papelada enorme, procurando um documento que não sabia onde se encontrava, saiu-se com esta:
         -  Eu só acredito nessa alma de Maria Vieira, se ela fizer aparecer bem aqui, na minha mão, esse documento.  
         Nessas alturas já havia feito o pedido. Não se passaram cinco minutos quando escutamos o grito do João Ribeiro:
         -  Mamãe, encontrei o documento. Por incrível que pareça estava aqui entre esses papéis que eu já havia amassado para ir ao lixo.     
         Nesse episódio, o mais importante é que o documento perdido apareceu nas próprias mãos do João Ribeiro, assim como ele tinha “desafiado”.
         Quem quiser pode duvidar. Eu prefiro acreditar que existe uma influência do espírito dessa criatura, que só deseja fazer o bem.
         Estava eu em visita à Fazenda “Taboca”, em Balsas, de propriedade do meu amigo Albuquerque, quando em conversa com a esposa do seu irmão Antônio Erbênio, essa me disse que a sua lavoura do ano estava considerada como perdida por falta de chuva. Disse o seguinte para ela:
         -  Não me pergunte nada, não entre em maiores detalhes. Reze um Pai Nosso e uma Ave Maria para a alma de Maria Vieira e espere o resultado.
         Voltei para Balsas e alguns dias depois perguntei sobre o que tinha acontecido por lá.
         -  Seu Alberto, dois dias depois de sua saída e das orações recomendadas começou a chover, parece um milagre.
         Essa é a verdade, nua e crua.
         Estes são apenas alguns casos no meio de centenas, talvez milhares de outros acontecimentos que aconteceram por aí, os quais seria enfadonho repeti-los aqui.
         Estou cumprindo a minha obrigação de registrar esse acontecimentos, prestando o meu testemunho, dizendo somente a verdade e nada mais que a verdade. Fica cor conta da mente de cada um acreditar ou não.
         Cada cabeça, uma sentença. Não é assim ?

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