quarta-feira, 29 de junho de 2011

ESTOU ILESO

         Em Teresina, morávamos em uma grande casa na rua Campo Sales, localizada bem atrás do Liceu Piauiense.
         Nossa residência, pelas dimensões que tinha, era constantemente solicitada para a realização de bailes, principalmente pela estudantada. Naquele tempo era difícil conseguir clubes.
         A orquestra era quase sempre formada por músicos da Polícia Militar, os quais improvisavam grupos musicais para assim defenderem uma “grana” a mais. Lembro-me de um grande baterista: - o Kariman, que ficou famoso pelo ritmo e pelo malabarismo que fazia com as baquetas.
         Durante a realização de uma dessas famosas festas, as quais eram muito concorridas, aconteceu uma grande chuva, um “pé d’água de matar sapo afogado”. Quando terminou tudo, dava pena ver aquele pessoal, todo bem vestido, lutando, saltando daqui para acolá, que nem bode, para se livrar da lama, daquela piçarra vermelha que havia no trecho entre a nossa casa e o Liceu.
         Pois um gaiato que também participou da festa, todo metido num impecável terno de linho branco, cismou de subir no muro do Liceu e caminhar por ele até o fim para evitar a lama      .
         No fim da jornada, olhou para aquele povo que vinha lutando contra a lama e gritou, em tom de deboche:
         - Até agora estou ileso.
         Pois estava mesmo, não tinha se molhado nem um pouquinho. Avistou um monte de areia e calculou:
         - Daqui eu pulo naquela areia, de lá passo para a calçada do Liceu e estou salvo.
         Aí é que foi a sua desgraça. Não era areia coisa nenhuma, e sim uma grande poça d’água, onde o cabra atolou-se até os joelhos. Levou uma tremenda vaia e ficou com o seu terninho branco completamente inutilizado.
         Ilusão de ótica !

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