Quando assumi o cargo de contador da Cooperativa da Construção, já encontrei lá, trabalhando há algum tempo, o meu velho e estimado amigo Filoceno Gomes de Sousa, meu conhecido desde os tempos em que morei no Piauí.
Homem trabalhador, honesto, inteligente, conceituado, merecedor de todos os elogios possíveis e imagináveis. Mas, verdade seja dita: o homem era feio, “feio que só briga de foice no escuro”. Mais feio do que a voz de “esteja preso!”. Ele mesmo reconhecia isso, tanto assim que foi protagonista do caso que vou contar.
Na hora em que eu fui entrando na Cooperativa ele baixou a cabeça e murmurou:
- Graças à Deus chegou um cabra mais feio do que eu.
A nossa boa amizade permitia que ele fizesse essa gozação comigo, logo de entrada.
Algum tempo depois essa brincadeira chegou ao meu conhecimento e, eu, muito sério, fingindo que estava aborrecido, fui a ele e perguntei:
- Filoceno, é verdade que você declarou que na sua opinião eu sou mais feio do que você ? Diga-me, pelo amor de Deus, pois se for verdade eu tenho que ir imediatamente a um médico - eu estou mesmo é muito doente. Acho que não tem doutor Pitangui que possa dar jeito.
O que o Filoceno fez mesmo foi rir e tudo não passou daí. Continuamos trabalhando, tudo no melhor relacionamento e nossa amizade aumentou mais ainda.
As nossas famílias são amigas. A sua esposa, Dona “Mãezinha”, como é carinhosamente tratada, até negociou com bordados com a Zisile, minha mulher.
Os seus dois filhos: Antônio Carlos e Maria do Desterro. O primeiro é grande advogado aqui em Fortaleza, foi presidente do Clube do Advogado, Procurador a Prefeitura, exercendo todos esses cargos com a maior dignidade. A Desterro é alta funcionária do INPS, hoje aposentada, casada com o grande jornalista Hélio Passos, todos bons amigos.
O Filoceno faleceu há poucos anos. Não me encontrava aqui e não pude despedir-me desse grande amigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário