quarta-feira, 29 de junho de 2011

O JOÃO BIONGO

        Foi um dos grandes ídolos nos meus tempos de criança. Homem alto, forte, grande jogador de futebol nos velhos tempos do “Iole” e do “Balsense”, dois times que existiam, o primeiro adotando a cor azul e o segundo a vermelha.
         João Biongo pertencia ao Balsense e o defendia com verdadeiro amor. Quantas vezes deu a vitória a Balsas nas disputas com Carolina...
         Era tido como homem valente, mas tinha uma particularidade: um verdadeiro “pavor de alma”. Falou em coisas do outro mundo podia contar que o homem caía fora. Naquelas reuniões que a rapaziada fazia no patamar da Igreja e ficava até às altas horas da noite conversando, quando era no fim o nosso amigo sempre inventava um motivo para alguém acompanhá-lo até a sua casa. Diga-se que para
chegar lá, fatalmente passava-se bem na porta do Cemitério. Uma ocasião, meu tio Rosendo Pires ofereceu uma festa ao meu irmão Pedro, na época aluno do Colégio Militar, que estava em férias. Para a referida festa, o homenageado convidou o João Biongo, de quem era amigo. Acontece que o convidado e o ofertante da festa, no momento estavam intrigados. Resultado: em pleno desenvolvimento do baile, quando o mesmo estava no auge da animação, entra o Rosendo Pires, mandando parar a orquestra, e, ostensivamente, ordenou que o João Biongo se retirasse.
         Foi um “rebu” dos infernos. Sai não sai, vai pra lá, vem pra cá, o fato é que o homem teve que sair, e com ele saiu também o Pedro, em solidariedade ao amigo humilhado. A partir desse dia os dois ficaram mais amigos em virtude desse bonito gesto do Pedro, abandonando uma festa que era sua, só para não deixar um amigo desmoralizado.
         Nesse tempo eu ainda era muito criança, mas acompanhei tudo de perto e hoje estou aqui contando a história, por um dever de justiça.
         Fica também o meu preito de homenagem a esse amigo, que muito admirei e de quem jamais esqueci.

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