quarta-feira, 29 de junho de 2011

MEU AMIGO AUGUSTO

         Foi a primeira pessoa com quem trabalhei fora de casa. Eu tinha na ocasião talvez oito anos e fui trabalhar na loja dele a pedido de meu Pai, só para não ficar ocioso. Trabalho não remunerado, uma espécie de valiosa colaboração que ele me deu e que muito serviu para a formação da minha personalidade.
         Estou falando de Augusto Pires, homem de grande estatura moral, um dos mais sérios e honestos comerciantes da cidade, pai de numerosa e honrada família. Por todos os títulos, digno de figurar na galeria dos homens de bem de nossa terra.
         Augusto Pires antecipou-se às leis trabalhistas no Brasil. Foi o primeiro comerciante a adotar a jornada de oito horas de trabalho, fechando para almoço e encerrando o expediente às cinco horas da tarde. Causava admiração na época. É, eu me lembro muito bem e não posso deixar de fazer o registro por um dever de justiça.
         Ele tinha uma ótima qualidade que pouca gente conhece: era músico, tocava flauta muito bem. Possuía uma que a gente dizia ser de prata, não tenho certeza se era mesmo. A verdade é que dominava bem o instrumento e fazia figura bonita na sua época.
         Já na velhice dele, e na minha também, voltamos a nos encontrar. Viajamos de Balsas para São Luís, sempre guardando aquela amizade que há de perdurar enquanto eu estiver aqui neste mundo. Enquanto não for convocado para o Oriente Eterno.
         Faleceu  em Balsas depois de uma longa jornada de vida, após cumprir com dignidade a missão que Deus lhe confiou. Nos seus últimos dias foi muito bem assistido pelo seu filho Cláudio e esposa Gilda, que lhe deram o apoio e o carinho que bem mereceu.
         É a minha singela homenagem ao meu amigo Augusto.

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