Menina me dê um cheiro,
Eu lhe peço com ternura,
Abrace com afeição
Esta pobre criatura
Que na vida até então
Só conheceu desventura.
No jardim da minha vida
Tenho encontrado flores
Espinhos também já vi
Tristeza, lamento e dores.
Tenho de memória dois versinhos, cujo autor desconheço, que vou transcrever apenas para registro.
Menina me dê um beijo,
Só não quero no pescoço,
Quero no bico do peito
Que é lugar que não tem osso,
Que é para quando eu ficar velho
Lembrar-me que já fui moço...
Menina case comigo
Que você não passa fome,
Lá em casa tem um pinto,
Você mata, assa e come,
De dia tu come o pinto
De noite o pinto te come...
MAIS VERSINHOS
Esses outros versinhos fizeram parte de um desafio entre dois cantadores, um de cor negra e outro branco. Não sei quem são os autores, mas achei por bem transcrevê-los também:
- Disse o primeiro:
Negro tomando banho
perde três coisas:
Tempo, água e sabão
Quando mais ele se esfrega
Mais parece com um tição
Se tomasse meu conselho
Deixava banho de mão...
O outro cantador não deixou por menos e saiu-se com esta resposta genial, que só esses admiráveis repentistas sabem dar:
Eu sou um preto branco
Afirmo sem pabulagem
E não é com todo branco
Que eu tenho camaradagem,
Pois conheço porco branco
Que ronca e come lavagem.
Em outra ocasião estavam dois repentistas em cantorias e havia um deles que só falava em peito: tenha cuidado comigo que eu tenho peito, sou homem de peito forte. Em virtude disso, recebeu esta:
Você só fala em peito,
Até parece pirraça
Mais peito que você
Tem uma porca de raça
Uma carreira em cada lado,
E de uma porca não passa.
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