segunda-feira, 4 de julho de 2011

MUNDIÇA DE POBRE

Essa última vez que estive residindo em Balsas, exercendo a honrosa função de Secretário de Finanças na gestão do meu primo e amigo Bernardino, de saudosa memória, foi bastante proveitosa para mim, no sentido de que voltei a fazer contato com muitos e bons amigos de infância e, deste modo, relembrar acontecimentos pitorescos, que tanto me agradam..
Esteve por lá durante algum tempo um dos filhos ilustres de nossa terra, pertencente à tradicional família Fonseca, que indiscutivelmente merece ser chamada de ilustre família. Trata-se do meu amigo Dr. Humberto Fonseca, engenheiro civil que foi para asfaltar a estrada que liga Balsas a Imperatriz.
Um amigo ofereceu ao Humberto uma quadra de terreno em um dos bairros daquela cidade. Pois bem, o Humberto foi com a sua esposa que é paulista, para visitar o tal terreno. Gostou muito, achou que dava para construir uma bela residência, mas a sua esposa não se agradou do mesmo, a coisa mais natural do mundo, teve receio de não se adaptar com o clima e os costumes da terra.
Aí é que entra o lado pitoresco da história. O Humberto encontrando-se com o nosso amigo Perneta, do qual já falei em outra ocasião, e este, como sempre gostava de meter em todos os assuntos da cidade, fofoqueiro de marca maior, saiu-se com esta:
- Oh  Dr. Humberto, será que a sua muié não quis aquele terreno, num será por causa daquela “mundiça de pobre” que tem morando por lá não?
Ao que Humberto com toda educação respondeu:
- Não, Perneta, a minha mulher é uma  pessoa muito simples, o que acontece é que ela, sendo nascida e criada em São Paulo, naturalmente tem medo de não se acostumar por aqui.
O que me chamou a atenção foi a expressão do Perneta “mundiça de pobre” visto que naquele tempo moravam por lá muitas pessoas humildes, inclusive o próprio Perneta.
Contaram-se há pouco tempo, que este Bairro a que me referi neste comentário, é hoje um dos melhores da cidade. Naturalmente deve ter acabado a mundiça de pobre.
O Perneta faleceu quando eu ainda estava por lá. Acompanhei o seu sepultamento, uma coisa triste, pela extrema pobreza.         

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