segunda-feira, 4 de julho de 2011

O PAI DO VENTO

É aquela velha história dos apelidos em cidades do interior. O pobre infeliz adquire um apelido e depois não tem diabo no mundo que o faça desaparecer. Com o Zequinha não poderia acontecer diferente. Era o Sacristão do padre Amaro, profissão que exerceu por muitos e muitos anos naquela cidade e gozava da amizade de todos, sendo até muito querido pelos paroquianos.
Em virtude do seu acanhado porte físico, pelo seu jeito de falar e de andar, a língua ferina do povo espalhou pela cidade inteira que o Zequinha não era chegado a mulheres e que era um  afrescalhado de marca maior, enfim essas fofoqueiras que a gente conhece. Efetivamente o nosso amigo já tinha uma certa idade e jamais foi visto envolvido com o sexo oposto, mas um dia cismou de casar e um mês depois a sua mulher apareceu com enjôos, dando umas vertigens e logo a barriguinha dela começou a aparecer. Foi uma gozação geral na cidade: - Olha aí, quem diria, o Zequinha trabalhou bem, casou há pouco mais de um mês e a mulher já está de barriga, essas conversinhas que já conhecemos.
Acontece porém que o tempo foi passando, completaram-se os nove meses e nada do menino. Depois de dez meses o nosso Zequinha resolveu levar a mulher ao médico que depois de rigoroso exame verificou que a barriga da pobrezinha estava cheia de vento. Furou-a com o bisturi e foi aquela decepção.
Em virtude desse triste acontecimento o coitado recebeu logo o maldito apelido de pai do vento, motivo de sérios aborrecimentos, inclusive para o Vigário, obrigado a intervir em favor do seu eficiente auxiliar. Tantas foram as confusões que o Vigário resolveu aconselhar o Zequinha a não se zangar com apelido, pois quanto mais brigasse, mais o apelido se firmava. Tudo bem, tudo combinado, daquele dia em diante não haveria mais brigas. Aí é que foi o engano. No primeiro domingo, quando terminou a missa, formou-se aquela tremenda confusão na porta da igreja. Era o Zequinha atracado com um cabra no maior rolo. Nessa ocasião aparece o Vigário para dizer: meu amigo Zequinha, eu não lhe aconselhei para você não se zangar mais? Ao que o Zequinha responde com a maior calma: Seu Vigário, eu não fiquei com raiva porque ele me chamou de pai do vento, o negócio é que além de me chamar por esse maldito apelido, ainda pediu emprestada a minha pinta para encher o pneu da sua bicicleta.
 Assim também foi demais...                           

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