segunda-feira, 4 de julho de 2011

ESTOU PRECISANDO DE UM DOIDO

Pela TV Educativa do Ceará têm passado inúmeros superintendentes, mas creio que nenhum deles teve as características e qualidades do Cel. Artur Torres de Melo. Homem de temperamento forte, procurava demonstrar que tinha coração de leão, capaz das atitudes mais violentas enquanto durava aquele ímpeto agressivo.  Logo voltava ao normal e aparecia então a sua verdadeira face. Certa vez chamou ao seu gabinete um funcionário que havia praticado uma irregularidade qualquer. Depois de fazer as mais sérias advertências mandou que o mesmo fosse até a administração para receber as contas. Estava despedido sem perdão, não poderia de modo algum tolerar a presença daquele funcionário nos quadros da TV. Uma verdadeira fera, tudo resolvido, o homem está na rua.
Aí então é que entra aquele amigo para mexer naquele ponto fraco de nosso coronel. Aceitou todas as admoestações e logo tirou da carteira o retrato da mulher e dos seus três filhos, partindo para sua defesa:
- “Meu Coronel, se eu fico sem trabalho, quem é que vai comprar o leite para estas crianças, o senhor tem coragem de deixar esses inocentes passando necessidades, com fome?” Resultado: depois de ouvir atentamente, fazendo aquela choradeira, o que se viu foi o coronel meter a mão no bolso, dar dinheiro para ajudar o rapaz e mandar que voltasse ao trabalho. Estava perdoado. Ele era desse jeito.
Em outra ocasião chamou ao seu gabinete alguns auxiliares da diretoria, para comunicar que estava nomeando um rapaz para exercer a função de locutor. Acontece que alguns companheiros da diretoria começaram a dar palpites no sentido de que não fosse feita a tal nomeação. Opinião de cá, opinião de lá, e o coronel a tudo ouvia sem dizer uma só palavra. Quando tudo terminou, entra o homem com a sentença definitiva:
- Então, quer dizer que vocês acham que este homem é doido? Pois eu vou contratá-lo, justamente por este motivo – Estou precisando de um doido para ver se conserto esta Televisão”.
A verdade é que o jovem foi contratado, revelando-se um ótimo funcionário, cumpridor de seus deveres, atencioso, jamais criou o menor problema para aquela administração e para as futuras. Tenho a impressão de que ainda hoje trabalha por lá.
Episódios como este aconteceram vários, sempre demonstrando a boa índole do Cel. Artur.
É a prova evidente de que “quem vê cara não vê coração”.

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