Toda vida tive vontade de escrever alguma coisa tentando resgatar a memória desse personagem do Novo Testamento, que até hoje tem aparecido para o mundo Cristão como um grande traidor, um vilão, um desalmado, que teve coragem de entregar Nosso Senhor Jesus Cristo aos seus algozes.
Ora, meus caros amigos, acho que está na hora de parar, de pensar, colocar a mente para funcionar, de raciocinar com isenção de ânimos e chegar a conclusão de que a coisa não é bem assim.
Traidor, por que traidor? O que ele fez não era do pleno conhecimento de Jesus? Então, não houve traição alguma. O seu ato foi apenas o cumprimento do que estava escrito, foi a consumação de um acontecimento, do qual resultou o surgimento dessa figura maravilhosa que é Jesus Cristo. Não fosse ele, o Judas, fatalmente seria outro predestinado, ou então Jesus não teria sido crucificado. E terminaria os Seus dias como um profeta qualquer, como muitos outros que apareceram naquela época.
Ao que me consta, pelo que tenho lido, o passado de Judas foi limpo. Era filho único, arrimo de família, sempre trabalhou honestamente para o seu sustento e o de sua mãe. Um dia, ao passar por determinado lugar, ouviu a pregação Daquele homem, que arrebatava multidões e resolveu segui-lo, como o fizeram milhares de outras pessoas.
Segundo tenho lido, a mãe de Judas temeu pela sua sorte e o aconselhou a não acompanhar Jesus, dizendo que Ele estava em missão perigosa, pregando uma nova doutrina que, embora sublime e cheia de sábios ensinamentos, contrariava os poderosos da época, ensinava coisas que os donos da situação não admitiam em hipótese alguma. Era o começo de uma luta que perdura até os nossos dias e pelo que vejo não acabará tão cedo.
O jovem era voluntarioso e não aceitou os conselhos da mãe. Parece que estava dominado por uma força poderosa que o impelia mais e mais no sentido de seguir o Mestre, de O acompanhar, embora sabendo dos perigos e dissabores que iria enfrentar. Seria isto uma determinação de Deus? Se a resposta for afirmativa onde está a culpa de Judas? Se esta terrível missão que lhe foi confiada tivesse sido dada a outro qualquer dos apóstolos, teria sido cumprida fielmente? E se fosse dada a Pedro, teria levado ele a bom termo? São coisas que tenho em mente e que gostaria de vê-las esclarecidas.
No meu entender não existe nesse episódio nada que possa ser considerado um crime para a condenação de Judas. Ele foi apenas um agente da vontade Daquele que era muito mais poderoso do que ele e Soberano do universo.
Pelo que sei, Judas mereceu a total confiança de Jesus, tanto assim que foi o ecônomo, o homem que dirigia as finanças daquele seleto grupo de benfeitores. Foi um fiel companheiro até que, levado por uma força suprema, guiado por alguém que podia mais do que ele, abandonou tudo e foi cumprir a sua triste missão.
Já li também, não lembro onde, que minutos antes de terminar a Santa Ceia, Jesus o liberou, para que tudo se consumasse. Se esta é a verdade - e eu creio que seja - , não existe o menor motivo para se condenar esta criatura, deve ser absolvido pela humanidade inteira, principalmente por nós, cristãos, que amamos a verdade.
Muitas e muitas vezes nós somos conduzidos pelas opiniões dos outros e, assim, levados a cometer erros e injustiças que vão passando de gerações em gerações até o final dos tempos. Acho que ainda é tempo de corrigir essa tremenda falha deste grande júri e formular um apelo a Deus, o grande arquiteto do universo, no sentido de absolver para sempre essa figura do Cristianismo que até hoje tem sido uma vítima de má interpretação.
E você, meu caríssimo irmão, que me diz de tudo isto? Pense bem, reflita com a sabedoria que Deus lhe deu, com a mente limpa e pura e responda de acordo com a sua consciência: Judas Iscariotes é traidor ou herói?
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